II Encontro de Grupos de Estudos e Pesquisas Marxistas - Dia 2

quarta-feira, 26 de maio de 2010

II Encontro de Grupos de Estudos e Pesquisas Marxistas

Recife, de 24 a 26 de Maio


Poucas notícias hoje. Após uma noite relativamente mal dormida (acordei e adormeci várias vezes), levantei-me às 6h30, para me arrumar para a apresentação do trabalho no encontro. A apresentação estava marcada para 8h30 e fiquei seriamente preocupado em me atrasar. Não aconteceu. Contando com o horário que acordei, o tempo que levei no percurso até o local de apresentação e tudo mais, cheguei lá às 7h30. Isto me deixou pensando: poderia ter dormido, pelo menos, mais uma hora.

Pouco importa, estava pronto. Não encontrava ninguém conhecido até que um camarada professor de enfermagem em Arapiraca, com um relativo interesse em meu tema chegou. Logo justificou que também teria de apresentar sua pesquisa e, por isso, não poderia assistir à minha apresentação.

O grupo de maceioenses no evento foi, aos poucos, se agrupando no saguão do Centro de Educação, onde ficavam as salas em que se dividiriam os Grupos de Trabalhos de Pesquisa. Meu eixo, era o de Marxismo e Atualidade, sala 39. Seis trabalhos seriam apresentados, dos quais apenas quatro estavam presentes. Entre os que faltaram, o que havia chamado minha atenção. Aquele que tinha como tema o fenômeno jurídico no jovem Marx. Talvez fique para uma tentativa posterior de diálogo.

As apresentações correram bem. Em minha sala, foram apresentados dois trabalhos com temática na educação (Educação Noturna e Mundo do Trabalho; Concepção Educacional dos Movimentos Sociais; não necessariamente com esses títulos, mas com estes temas), um outro sobre Mídia e Movimentos Sociais, e o meu, sobre Democracia em Habermas e Marx. Infelizmente meu tema trazia uma certa quebra na discussão que vinha sendo levada no grupo, o que contribuiu para que poucas intervenções fossem feitas à minha apresentação. Tive a sorte, no entanto, de contar com uma coordenadora de GT que havia feito uma tese de doutorado com tema extremamente relacionado. Assim, algum diálogo ainda pôde ser feito. Vivas à prof. Cláudia de Serviço Social da UFPB!

Logo depois nos encaminhamos para a reunião de grupos de estudos e pesquisas que se deu no mesmo bloco. O professor Daniel Rodrigues (UFPE) explicou que a intensão era a de que pudesse ser construída uma maior integração entre os grupos do Nordeste, com possibilidades de construções mais orgânicas como, quem sabe, uma revista acadêmica. A tarefa mais imediata, e que poderia dar o ponta pé na questão, seria a construção do III EPMARX.

A presença de estudantes e professores da UFAL foi bastante respeitável. Éramos, pareceu-me, maioria. Estávamos quase toda a delegação lá. Prof. Ivo Tonet, foi o primeiro a levantar a necessidade de tratarmos logo da escolha de eixos temáticos para o próximo encontro, como uma forma de incentivar a produção teórica em torno destas questões. Foram elencados temas, não necessariamente com estes títulos, como Marxismo e América Latina; História do Marxismo; Marxismo e Movimentos Sociais; Marxismo e Comunicação; Marxismo, Política e Transição; etc.

Saí com uma impressão particularmente positiva das iniciativas tomadas. A discussão continuará às 11h do dia 26, para o fechamento desta primeira etapa de contatos. Temos uma boa oportunidade na mão de organizamos algo interessante em relação à produção coletiva de conhecimento radicalmente crítico no Nordeste. Para a UFAL, já se mencionou a organização de uma prévia para o próximo EPMARX em solo alagoano.

Durante a tarde, teríamos uma apresentação de doutorado em educação que, pela especificidade da temática, resolvi não acompanhar. Ao invés disso, pude contar com uma conversa agradável durante toda a tarde com camaradas como Gabriel “Bolinha”, Liana, Ivo Tonet, JP, Virgínio e Bezerra. Todos da delegação alagoana. Acabamos fazendo o lanche da noite juntos.

Voltamos para a mesa que contou com a presença de Newton Duarte (UNESP) e Epitácio Macário (UECE), “Todo educador precisa ser educado”. A frase vem da terceira Tese ad Feuerbach, de Marx. As apresentações dos professores foram, em linhas profundas, bastante consensuais, pelo que tentarei reproduzir apenas o que considerei mais interessante.

Duarte fez uma análise muito boa acerca do esvaziamento dos programas curriculares de formação de professores pelos quais a universidade passa hoje. Remeti, imediatamente, à luta que levantamos enquanto estudantes acerca da precarização das licenciaturas que enfrentávamos na UFAL. As pedagogias da competência, do professore reflexivo, entre outras, que se transvestem de uma tentativa de método de ensino que visa a aproximar aluno e professor, na verdade, servem de máscaras para uma formação precária, para o serviço precário do educador que atuará na classe trabalhadora.

Esta seria a reflexão da terceira Tese ad Feuerbach: nossos educadores, são educados em uma sociedade de classes que não pretende socializar o conhecimento entre todos. Construir uma práxis revolucionária na educação seria lutar por esta socialização, que seria fundamental para a revolução socialista.

A tese me deixou intrigado. E sei que não fui o único. Como poderíamos socializar o conhecimento (e que conhecimento?) em uma sociedade marcada pela desigualdade de classes. Me parece que esta resposta não é bem colocada pelos expositores.

Saindo da palestra, acabei encontrando com os camaradas da filosofia da práxis (como denomino os estudantes marxistas da Filosofia – UFAL). Passamos algumas poucas horas de botequins juntos conversando sobre o dia e sobre organizações revolucionárias, ou nem tanto. Este pode parecer o motivo para um relato tão resumido e nem tão rigoroso hoje. Mas não. É que, realmente, achei que o dia apesar de bom, não teve tantas coisas relevantes assim.

Amanhã nos encaminhamos para o último dia de encontro. Mais uma reunião dos pesquisadores marxistas e movimentos sociais do Nordeste e mesa com Ivo Tonet. Talvez tenhamos mais a comentar.

0 comentários: